quinta-feira, 27 de março de 2008

Happy birthday to me.

Acordo às 6:40 da manhã sem sono algum, depois de uma noite sobressaltada. Penso em dormir de novo. Cantarolo "parabéns para mim" baixo, com um sorriso engraçado no rosto. Bandoleiro com coração de gás néon. Olho a hora, 6:51. Nasci às 7, se não me engano e minha memória não falha. Decido levantar e acender velas improvisadas. Pego os palitos de fósforo que não foram usados para aliviar o stress (leia-se: cigarro) nesses dias de cidade fria, descobertas dilacerantes (em um bom sentido) e costas com uma rigidez que seria mais desejável em outras partes do corpo. E sigo para a mesa.

Na tradição budista (sei lá qual delas), no dia do seu nascimento, você (seu espírito, sua alma, seu fantasminha camarada, sei lá) escolhe uma dentre várias luzes possíveis. Essa luz tem o seu destino com profissão, amigos, amantes, família. O pacote completo e alguns brindes extras se você ligar agora. Quando você faz aniversário e apaga as velas, é um momento de escolher outro caminho ou reforçar o seu. Mas isso tem que ser feito no dia e hora exatos do seu aniversário.

Como no quesito Crença eu estou matando cachorro a grito já faz muito tempo, e uma parte do meu cérebro sempre foi muito crédula não importa o quão ateu eu me encontrasse naquele momento, decidi experimentar. Me lembro que Crença é igual a droga, enquanto você fica na superstiçãozinha básica tudo bem, mas se você passa a querer encher as narinas de incenso, ou começa a queimar pedra (de mirra) a coisa complica. Mas enfim, podemos usar Crenças recreativamente, pois somos adultos responsáveis.

Recebo os parabéns de minha anfitriã nessa cidade fria. Pego um pedaço de bolo de chocolate que sobrou da páscoa, coloco os palitos em cima. 18. Mas são 20, diacho. Minha anfitriã pega dois palitos de dente e completam-se os 20. OK, agora 6:59, hora de acender os palitos. Alguns pêlos da mão chamuscados depois, chamo minha anfitriã para cantar comigo. A gente canta uma versão acelerada da música e eu apago o último palito que sobrou aceso.

Veio uma sensação boa. De reafirmação. Sabe, quando você tem certeza que é aquilo que você quer? E isso pra mim é tão, mas TÃO raro.

É isso que eu quero mesmo.

Andarilho com um sorriso irônico e uma ponta de amargura no canto da boca. Mas só o suficiente para dar aquele gosto pungente.

Um dos caras que eu admiro disse uma vez que gostava de escrever histórias de terror porque lá ele tinha o direito de fazer finais tristes. Porque a vida é agridoce e nós sabemos que quando as cortinas se fecham em um final feliz, logo depois as coisas vão piorar de novo.

E é assim mesmo. E eu adoro isso.

Minha mãe me telefona e eu cumpro o ritual com prazer.

"Mãe, eu nasci às sete horas, não foi?"
"Sete horas e trinta e nove minutos, meu filho."

Oh, bem.
No quesito Crença, o que vale é a intenção. Já diziam os Cruzados, os Nazistas, Stalin, Mao-Tsé-Tung, os homens-bomba. Esse pessoal em quem dá pra botar fé nas intenções.

Pra terminar, feliz aniversário para Fred, meu padrasto, que faz aniversário hoje também, e pegou o dia dele para pescar. (Com um padrasto que vai passar o aniversário balançando uma vara eu não poderia ter me tornado muito diferente, não é mesmo?) E parabéns pra quem mais comemora aniversário nesse dia. Exceto a Xuxa e o Ayrton Senna. Ela é uma vaca e ele era burro.

Então vamos seguindo, que hoje é um dia bom.

E esses temos que aproveitar.

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