segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tumble Home.

Acho que demora um tempo depois de duas semanas fora pra organizar os pensamentos e colocar eles em palavras.
Voltar para o mundo real é estranho quando você percebe que ficaria vivendo num ônibus de lugar em lugar sem o mínimo problema. Comendo comida ruim e dormindo sentado. Rezando para ter dinheiro para um albergue e tomar um banho. Conhecendo gente e sabendo que vai embora amanhã. Não, isso não é bonito nem poético nem libertador. É um pouco triste saber que você tem de ficar vagando de canto em canto pra se sentir minimamente vivo e que você não tem a capacidade de fixar residência.
Porque quem não é nômade fora se torna nômade dentro. E não faz muita diferença.
E quando a gente volta para os mesmos problemas práticos ou não (que se acumularam na sua ausência) é que se tem noção do que se deixa para trás. E que não volta. E de todas as coisas não ditas e mal-entendidas e o diabo que você tentou fugir. Mas com o tempo as coisas vão se tornando mais claras. Não mais simples, mas mais claras. Ainda é difícil. Mas você vê o que passou.
E você percebe que já esperou por uma coisa tantas vezes de tantas formas diferentes e uma hora caiu a ficha. Não vem, não vai vir. Não, isso não é terrível nem deprimente nem desesperador. OK, num primeiro momento até que é. Mas aí você vê que tem que tocar as coisas pra frente. E tem que fazer escolhas. E o mundo não deixa você sentir muita coisa. Não vou dizer de novo que tudo é difícil e "por quê, meu Deus, por quê?", é só angustiante e você tem que se anestesiar um pouco.
Então entre um surto de pânico e uma bebedeira a gente escreve um pouco. E sente saudade de algumas pessoas e coisas. Pensa sobre o que vai fazer da vida. Às vezes a gente tem que desligar do automático e conectar as coisas, pensar um pouco. Deixar o automático para as coisas irritantes que nos obrigam a fazer.
A gente pensa nos erros que cometeu. E que precisa continuar errando pra que alguma coisa aconteça. E que isso isola cada vez mais, porque todo mundo parece tão certo e tão indiferente. Como se não houvesse o que fazer e as coisas não prestassem mesmo. Não estou dizendo que prestam, mas é que a tentativa foi embora. Eu não sei o que é que deu certo, mas parece que não interessa agora.
Eu realmente não sei viver no dia-a-dia.
E preciso dormir mais um pouco.

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