sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Exercício de auto-ajuda.

Eu estou feliz e bem.
Afora a cerveja
que eu não sei o que anestesia
Eu estou feliz e bem.
Afora a ânsia
que eu não sei pra quem se dirige
Eu estou feliz e bem.
Afora o sarcasmo
que eu não sei pra que serve
Eu estou feliz e bem.
Afora o cartão telefônico
que eu não sei pra quem ligar
Eu estou feliz e bem.
Afora o cigarro
que eu não sei o que queima
Eu estou feliz e bem.
Afora o sono
que eu não sei o que sonhar
Eu estou feliz e bem.
Afora a carta
que eu não sei pra quem mandar
Eu estou feliz e bem.
Afora o poema
que eu não sei pra que escrever
Eu estou feliz e bem.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Obrigado por fumar.

Então. Assuntos que não interessam a ninguém além de mim. Mas essa não é a base da maioria dos blogs?

Quando fui fazer o primeiro Avatar, parei de fumar com minha mãe. Eu precisava parar (por causa do comportamento compulsivo e mudanças bruscas de humor). Ela precisava parar (por causa da asma). Então paramos.
Ao voltar, decidi que poderia fumar de vez em quando, quando quisesse. Dá prazer, sabe?
Mas aí, o comportamento compulsivo e as mudanças de humor voltaram. Tinha decidido parar de novo no curso Master Avatar.
Parei por dois dias. Até achar uma marca nova de Marlboro Mentol. E me lembrei que fumar é prazeroso.
Então, 24 horas depois de retornar ao vício, fumei demais muito rápido e passei mal, minha pressão caiu e eu vomitei.
Isso é algo que eu não quero. Isso me atrapalha. Mas fumar é bom.

Como diz Walt Whitman "O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria. Pois nunca sabemos o que é suficiente até sabermos o que é mais que o suficiente."
Porque eu gosto é da vertigem do abismo. A vertigem do topo de um edifício. Então parar de fumar e ser comedido não servia pra mim. Mas fumar até passar mal de novo seria desnecessariamente infantil.
Então eu fumo para me sentir bem. Dou menos dinheiro para as companhias de tabaco que empregam trabalho escravo, mas não fico no meu canto e me isolo do que eu quero.
Não que eu não possa errar a mão de novo e afundar nisso. Mas estou feliz em ter descoberto um ponto que.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Talvez por isso eu goste de frio.

Aeroportos sempre me trazem sensações boas. Algo que me acompanha desde criança é que ir para o aeroporto, mesmo que não fosse pra viajar (normalmente era para deixar alguém ou receber alguém) é algo gostoso. Sim, as pessoas vão embora, às vezes voltam, às vezes não. Às vezes elas mudam. Mas isso nunca foi um empecilho para mim, eu gostava, e ainda gosto, de acordar no meio da noite e ir até o aeroporto, com aquele vento frio dando sinal de que algo sempre muda. Viagens fazem isso. No fundo, talvez não tenha a ver com ir embora e ir para um lugar melhor (o desconhecido, à primeira vista, sempre traz repulsa. É uma reação instintiva) ou ver alguém que você gosta se despedindo. Acho que tem a ver com sair da zona de conforto.

Zonas de conforto sempre me incomodaram. "É seguro aqui, é bom aqui" nunca foi o suficiente para mim. Algumas pessoas gostam de zonas de conforto (bom pra elas). Eu sempre fugi delas como o diabo da cruz (bom pra mim), até perceber que fazer isso também criava uma zona de conforto ao meu redor. Sair virou algo conhecido. Então eu tinha que mudar de nível. Jogar um jogo maior. É o que eu estou fazendo (e não tentando fazer. Porque quando você tenta, como diria Bukowski, você está fodido). Estou seguindo em frente e encarando o filhodaputa do desconhecido. Porque eu ainda gosto de aeroportos e do frio que a gente sente neles. Não pra fugir. Não pra reencontrar ninguém. Mas porque mudança deixa um gosto agridoce na boca que faz acordar de manhã valer a pena.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para Clarice Lispector

Minha alma tem o peso de um cigarro.
Oito minutos e uma lágrima que não desce do olho do pai
Minha alma tem o peso de uma foda rápida
num canto de parede
tem o peso de uma tosse cheia de sangue
e pequenos pedaços de alguma coisa que eu não sei o que é
no fundo de uma garrafa de cerveja.
Tem o peso de uma tarde debaixo da chuva
e da bateria arriada de um carro.
Minha alma tem pequenos anzóis que prendem meu corpo no chão
e não me deixam cair nem levantar
tem pequenos poros que suam um líquido branco
com cheiro de amônia
e buracos maiores
aqueles que ficam quando você abandona um vício
aqueles que se tenta preencher com fumaça & esperma & álcool & carinho & perdão
mas só cabe um choro, um estalo de algum osso que você não sabe se quebrou
ou se sua autopiedade está pregando uma peça em você.
Tem o peso de dedos tremendo enquanto rabiscam a folha e escrevem mensagens e o ônibus não

vai voltar
e a luz dos postes vai rareando e a estrada é longa e você não usa o cobertor que te deram

e tem coisas que não se diz (os anzóis?)
também sem peso
que eu não sei se levo comigo
ou se saem depois de uma ducha fria

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Don't let mommy see me, don't let daddy see me, don't let God see me.

" - Se sou confuso, se evito ser mais claro, pai, é que não quero criar mais confusão.
- Cale-se! Não vem dessa fonte a nossa água, não vem dessas trevas a nossa luz, não é a tua palavra soberba que vai demolir agora o que levou milênios para se construir; ninguém em nossa casa há de falar com presumida profundidade, mudando o lugar das palavras, embaralhando as idéias, desintegrando as coisas numa poeira, pois aqueles que abrem demais os olhos acabam por ficar só com a própria cegueira; ninguém em nossa casa há de padecer também de um suposto e pretensioso excesso de luz, capaz como a escuridão de nos cegar; ninguém ainda em nossa casa há de dar um curso novo ao que não se pode desviar, ninguém há de confundir o que não pode ser confundido, a árvore que cresce e frutifica com a árvore que não dá frutos, a semente que tomba e multiplica com o grão que não germina, a nossa simplicidade de todos os dias com um pensamento que não produz; por isso, dobre a tua língua, eu já disse, nenhuma sabedoria devassa há de contaminar os modos da família!"

(Lavoura arcaica, Raduan Nassar)


Acho que eu só queria pedir desculpas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

What should I do with my life, how should I spend my time.

Me concentrar mais em menos coisas.
Senão eu vou sufocar. Mais ainda.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sexual healing.

E o tempo tem passado mais rápido do que eu esperava.
2009 parece que decidiu me dar um ultimato quanto a oportunidades. Como se me dissesse "aproveite-as AGORA."
Mas tudo ao mesmo tempo.
E pela primeira vez, eu levantei a cabeça e encarei. O que significa noites sem dormir, processos jurídicos que transformam suas relações sociais, impulso criativo com data marcada no calendário para acontecer, entre outras milhares de coisas. Agora entendo como as pessoas se envolem em crises nervosas e estafas emocionais.
(Será que eu vou precisar de uma ponte de safena antes dos 30?)
Se eu não tivesse amigos tão bons, acho que não aguentaria tanta tensão. São muitos, então não cabem todos aqui. Mas vou prestar tributo a alguns.
Obrigado Bella Donna, Sasha Grey, Rocco Siffredi, Annie Sprinkle, Katja Kassin, John Stagliano, Mônica Mattos, Nacho Vidal e Annete Schwartz. Em certos dias vocês conseguem liberar a tensão de semanas em poucas horas...
Dias como hoje, por exemplo.