quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Silenciosamente escapou do controle.

" M - Sim.

C - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

(Tempo)

C - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

B - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

M - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

B - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

A - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

M - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

C - (emite um pequeno grito de uma sílaba)

(Tempo) "


Acho que é só uma questão de tempo, de erros. Acho que eu devia parar de repetir ações, impulsos, idéias, frases que por mais que pareçam ensaiadas não o são, nunca foram. Saem até de forma desajeitada. Eu não sou do tipo que ensaia frases, sou do tipo que fica pensando se não poderia ter falado algo melhor.

E poderia, claro que poderia. Sempre poderia. E fica a dúvida se funciona ou não. E só o silêncio incômodo que conforta um pouco. Porque tudo que incomoda conforta um pouco, aprendi com o tempo. O que incomoda diz que você está ali. Sozinho, sempre sozinho. Mas ali. Já é muita coisa. Na maior parte do dia-a-dia (ou da vida-a-vida) nem isso acontece.

Arranha. Machuca. Mas eu acho que ninguém sai ileso. Eu não saí. A dificuldade é que quase nunca aparece quem tenha levado porrada, aí você se acostuma a repetir as mesmas coisas. E deixa aquele lado seu guardado e cheio de pó. Pra momentos que vão rareando. Ou é o tempo que passa mais denso?

A minha maior dificuldade é entender o que.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Gastrite filha da mãe.

Pára de reclamar por causa de coisas inesperadas, estômago fresco.

Christ, life doesn't get any easier.

Você vai morrer de algo que você gosta.

Quando você percebe que o seu mau humor dos últimos três dias é provavelmente a falta de álcool no sangue, pois faz quatro dias desde o seu último porre; e você não bebe por causa de uma gastrite fulminante que faz você chorar sempre que ataca, você nota que tem que repensar um pouco os seus hábitos.

E nem me fale em sexo ou cigarros, por favor.

The Harvest.

"Well it's been a long time, long time now
Since I've seen you smile
And I'll gamble away my fright
And I'll gamble away my time
And in a year, a year or so
This will slip into the sea"
(Nantes, Beirut)

Eu tento lembrar daquela frase todo santo dia.
"Sofrer não é enobrecedor, recuperar-se é. "
Obrigado por me fazer acordar toda manhã, Amy Hempel.

Apesar disso continuar corroendo o que sobrou dentro.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Estrada que dói,

"drift all you want fromocean to ocean.search the whole world. but drunken confessions and hijacked affairs will just make yumore Alone.If you come home ill bake youa Cake made of all their yesyes"

Contracapa do DVD Meeting people is easy. sobre o Radiohead.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tumble Home.

Acho que demora um tempo depois de duas semanas fora pra organizar os pensamentos e colocar eles em palavras.
Voltar para o mundo real é estranho quando você percebe que ficaria vivendo num ônibus de lugar em lugar sem o mínimo problema. Comendo comida ruim e dormindo sentado. Rezando para ter dinheiro para um albergue e tomar um banho. Conhecendo gente e sabendo que vai embora amanhã. Não, isso não é bonito nem poético nem libertador. É um pouco triste saber que você tem de ficar vagando de canto em canto pra se sentir minimamente vivo e que você não tem a capacidade de fixar residência.
Porque quem não é nômade fora se torna nômade dentro. E não faz muita diferença.
E quando a gente volta para os mesmos problemas práticos ou não (que se acumularam na sua ausência) é que se tem noção do que se deixa para trás. E que não volta. E de todas as coisas não ditas e mal-entendidas e o diabo que você tentou fugir. Mas com o tempo as coisas vão se tornando mais claras. Não mais simples, mas mais claras. Ainda é difícil. Mas você vê o que passou.
E você percebe que já esperou por uma coisa tantas vezes de tantas formas diferentes e uma hora caiu a ficha. Não vem, não vai vir. Não, isso não é terrível nem deprimente nem desesperador. OK, num primeiro momento até que é. Mas aí você vê que tem que tocar as coisas pra frente. E tem que fazer escolhas. E o mundo não deixa você sentir muita coisa. Não vou dizer de novo que tudo é difícil e "por quê, meu Deus, por quê?", é só angustiante e você tem que se anestesiar um pouco.
Então entre um surto de pânico e uma bebedeira a gente escreve um pouco. E sente saudade de algumas pessoas e coisas. Pensa sobre o que vai fazer da vida. Às vezes a gente tem que desligar do automático e conectar as coisas, pensar um pouco. Deixar o automático para as coisas irritantes que nos obrigam a fazer.
A gente pensa nos erros que cometeu. E que precisa continuar errando pra que alguma coisa aconteça. E que isso isola cada vez mais, porque todo mundo parece tão certo e tão indiferente. Como se não houvesse o que fazer e as coisas não prestassem mesmo. Não estou dizendo que prestam, mas é que a tentativa foi embora. Eu não sei o que é que deu certo, mas parece que não interessa agora.
Eu realmente não sei viver no dia-a-dia.
E preciso dormir mais um pouco.

Volta em Aberto.

"nunca fui muito bom nesse negócio chamado vida
mas o tempo
entre um poema e outro
me ensinou umas coisinhas"

Paulo Leminski