quinta-feira, 25 de junho de 2009

Para Clarice Lispector

Minha alma tem o peso de um cigarro.
Oito minutos e uma lágrima que não desce do olho do pai
Minha alma tem o peso de uma foda rápida
num canto de parede
tem o peso de uma tosse cheia de sangue
e pequenos pedaços de alguma coisa que eu não sei o que é
no fundo de uma garrafa de cerveja.
Tem o peso de uma tarde debaixo da chuva
e da bateria arriada de um carro.
Minha alma tem pequenos anzóis que prendem meu corpo no chão
e não me deixam cair nem levantar
tem pequenos poros que suam um líquido branco
com cheiro de amônia
e buracos maiores
aqueles que ficam quando você abandona um vício
aqueles que se tenta preencher com fumaça & esperma & álcool & carinho & perdão
mas só cabe um choro, um estalo de algum osso que você não sabe se quebrou
ou se sua autopiedade está pregando uma peça em você.
Tem o peso de dedos tremendo enquanto rabiscam a folha e escrevem mensagens e o ônibus não

vai voltar
e a luz dos postes vai rareando e a estrada é longa e você não usa o cobertor que te deram

e tem coisas que não se diz (os anzóis?)
também sem peso
que eu não sei se levo comigo
ou se saem depois de uma ducha fria

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Don't let mommy see me, don't let daddy see me, don't let God see me.

" - Se sou confuso, se evito ser mais claro, pai, é que não quero criar mais confusão.
- Cale-se! Não vem dessa fonte a nossa água, não vem dessas trevas a nossa luz, não é a tua palavra soberba que vai demolir agora o que levou milênios para se construir; ninguém em nossa casa há de falar com presumida profundidade, mudando o lugar das palavras, embaralhando as idéias, desintegrando as coisas numa poeira, pois aqueles que abrem demais os olhos acabam por ficar só com a própria cegueira; ninguém em nossa casa há de padecer também de um suposto e pretensioso excesso de luz, capaz como a escuridão de nos cegar; ninguém ainda em nossa casa há de dar um curso novo ao que não se pode desviar, ninguém há de confundir o que não pode ser confundido, a árvore que cresce e frutifica com a árvore que não dá frutos, a semente que tomba e multiplica com o grão que não germina, a nossa simplicidade de todos os dias com um pensamento que não produz; por isso, dobre a tua língua, eu já disse, nenhuma sabedoria devassa há de contaminar os modos da família!"

(Lavoura arcaica, Raduan Nassar)


Acho que eu só queria pedir desculpas.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

What should I do with my life, how should I spend my time.

Me concentrar mais em menos coisas.
Senão eu vou sufocar. Mais ainda.