domingo, 28 de dezembro de 2008

vezenquando.

Isso não se faz, Caio.

"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor
pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava
no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus
como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando
você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma
praça então os meus braços não vão ser suficientes para
abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa
que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você
sem dizer nada só olhando olhando e pensando meu deus
ah meu deus como você me dói vezenquando"

(Harriet, Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Love spirals downwards

É engraçado como o tempo rouba a intimidade das pessoas. A espiral desce e a gente tem que escrever essas coisas na hora que dá vontade, senão passa.
É, é uma questão de abrir espaços de fragilidade, é uma questão se permitir ter algumas confianças. Se desnudar de armaduras. Como diria aquela personagem que eu adoro, demoram anos pra gente construir uma barreira, uma armadura, e aí vem alguém e bagunça tudo.
E com o tempo você pára de escrever em blogs, pára com as confidências. Tudo começa a ser cifrado, até que certos eufemismos não são mais eufemismos.
São mais reais que a coisa em si.
Depois de tempo suficiente sem tentar dizer o que se quer dizer. Sem nem tentar, seja por medo ou mero cansaço. It goes undelivered. (Mas não vamos subestimar o cansaço, ele é o motivo pelo qual a maioria das pessoas se casa.)
E eu tenho viajado sem motivo algum, só pelo prazer de sair. Não prazer, necessidade. Vício. E desse jeito os laços afetivos vão virando farrapos, fios soltos que ligam você a vários lugares e pessoas diferentes, até que uma hora você se emaranha todo e fica sem respirar. Ou você nota que algum desse fios ficou mais esgarçado do que deveria. Que está se desmanchando e você não pode fazer nada, nem uma carta, nem um telefonema, nem um sorriso de canto de boca.
Como se qualquer coisa fosse só uma questão de tempo.